nunca há tempo para parar... é preciso a morte acontecer-te.
tira esse tempo para ti, dão-te esse presente quando já não podes usá-lo com quem querias, como se não fosse já teu. prometes que daí para a frente será diferente. nunca é.
a morte acontece-te, páras e não sabes o que fazer com a liberdade que o tempo te dá ao cérebro para se enrodilhar de novo na forma como a vida te surpreendeu. não queres esse tempo envenenado, procuras o telemóvel, procuras internet, vais em busca de um canto escuro, de uma revista, mas parece mal. pedes às pessoas que venham, que tragam outros temas, ninguém quer a cabeça inundada com tempo.
de repente dão-te tempo e dás-te conta de como gostarias de recuperar as anestesias digitais, as anestesias sociais de todos os dias.
e depois, no meio dos emails, do telemóvel, dos telefonemas, das mensagens, um abraço.
um abraço que vem cheio desse tempo e já não podes evitar sentir. [silêncio]
morreu. e com a morte levou todos os nossos amanhãs.
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