um dia mais à frente vou pensar no presente como aquele tempo em que vivi naquela casa cor de rosa, naquele bairro de fachadas de azulejo e vou recordar o limoeiro no meio da cidade. não me lembro de gostar tanto de um sítio.
uma casa está sempre colada ao seu tempo e a vida ligada aos espaços onde acontece. um dia esta casa vai trazer-me de volta os anos em que foi preciso ultrapassar, saltar à frente, descobrir lugares, trocar horários, inventar rotinas. esta vai ser lembrada como a casa onde me obriguei a crescer e este tempo de agora estará sempre abraçado a muitos risos, muitas lágrimas, muitas surpresas, muita raiva e beleza. a muito de tudo. e quando se sente muito e não estamos vazios aprendemos que o pretérito nem sempre é imperfeito.
quem já sentiu o coração estilhaçar-se não vai querer menos do que uma possibilidade maior de isso acontecer outra vez, e este tempo, esta casa, estão também associados a esse renascer sem a inocência de antes. e à tua nuca em contraluz.
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