12.27.2012

horas depois do fim ele escreveu num papel a frase que já lhe dissera antes, sinto a tua falta como se vivesses em mim. estava escrito, podia ser visto por quem quisesse e soubesse. aquela dor podia ser lida por toda a gente a quem o vento levasse o papel. decidiu que a dor dele seria de quem o vento escolhesse. quis, ao escrevê-la, livrar-se dela porque já nem o seu peso nas lágrimas conseguia suportar.

ao mesmo tempo, na outra ponta da cidade ela também chorava sentindo nas veias o peso da decisão. sabia que podia ter escolhido partir antes do tempo, se é que existe tempo nestas coisas da paixão. não sei se amanhã vou sentir falta do teu corpo na cama, mas hoje ainda procuro o teu abraço, ainda sinto a tua mão no meu peito.

durante anos nunca mais se viram, nunca voltaram a falar-se, mas ele ainda a lembra descalça pela casa e em algumas noites mais rigorosas ela ainda acorda durante a noite sentindo a boca dele na sua nuca.

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