não acredito em pessoas que não tenham a arrogância de querer entender tudo, sobretudo o que lhes diz respeito, nem em gente que nunca na vida se meteu no carro sem um destino traçado, para sentir o prazer de conduzir à deriva [a pilha de cigarros no cinzeiro]. demorar a chegar a lado nenhum é um conforto que poucos podem ter. os que não sentem a agonia de não conhecer o fim do livro são uma espécie diferente e fazem-me crer que não sofrem, mas também não amam desmedidamente ou são capazes de sentir o prazer maior do vento a dançar-lhes com os cabelos.
parece mal estar triste quando não se está doente. não se deve assumir a solidão quando há alguém que tem a felicidade embrulhada e pronta para nos oferecer. não se pode vestir o papel do autista inconsequente quando as nossas pessoas nos exigem o espírito presente. este estado de espírito não é compatível com os outros porque esses têm sempre a opção de deixar de gostar de nós.
só quando estou comigo sou eu própria, material em bruto. nada em mim é completo, aprumado ou sequencial. sou caos, orgulhosamente caos. escrever é desses momentos de deriva na estrada.
2 comentários:
já tinha saudades de um post assim... ;-)
Acredito que haja pessoas que já se esqueram que já tiveram a arrogância de querer entender tudo, sobretudo o que lhes diz respeito, porque os humanos escolhem (e têm de escolher o) caminho mais fácil. Depois há as outras, onde pareces pertencer, que já nem têm hipoteses de ir por essa via do esquecimento e têm de ir batendo em paredes.
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