3.07.2010

:: running ahead of oneself


emprestara ao tempo tudo o que trazia.




idade assim não existe, não é carne nem é peixe.

não se podia dizer que fosse adulta e não me lembro de alguma vez ter sido criança. passara pelo tempo a fingir ser o que não era, até ter finalmente perdido de vista quem na verdade poderia ter sido. poisara o mundo todo, o peso todo do mundo em cima de si, a tonelada do que desejara e, sabia bem, já não iria a tempo de apanhar.

nada a fazer, agora. decidiu então pôr aquela música mais alto e fazer por esquecer o peso imenso no corpo. iria mastigar o latejar dos dias que avançam e ela não. ela, em movimento contrário [sempre!], predispunha-se finalmente a ouvir a música de fundo e dançar a dança dos outros, ouvira dizer que só pode resultar se for assim. afinal os outros já todos tinham percebido isso.

respira. não te percas na loucura das horas geladas.

1 comentário:

fd disse...

Podes dançar a música dos outros e até aparentemente saber dançá-la bem. A outra, a tua própria, por ser diferente, não é motivo de vergonha nem de renegação, o que não quer dizer que a tenhas de partilhar com o mundo. És tu que escolhes quem a tem o privilégio de a escutar, mesmo condicionada pela solidão de estares sempre a falar sozinha. Acho que tens pessoas que até te querem ouvir. Não te deixes é convencer que há uma música universal. De resto, temos de continuar a respirar, fundo às vezes, e também podemos correr. Não estás sozinha.