3.21.2011

disfarça sempre bem, mas todas as vezes que entra numa casa de gente estranha sente que a vida deles se embrulha na dela e só não fica horas a olhar para as fotos por pudor. repara em cada objecto pequeno que sabe ser, das duas uma, recordação de viagem ou presente de mãe. e constrói histórias até ele a puxar pelo braço. secretamente ela gosta que chegue rápido o momento em que, no fim da visita, a agente imobiliária lhe diz para ficarem à vontade. então apressa o passo para a sala, ou para o quarto, e fica a imaginar aquela gente das fotografias cuja vida mastiga e recria como se de plasticina se tratasse. sem dar conta, é como se fosse da família. já em Nova Iorque o que mais gostara não fora do MOMA, mas de sentar-se no andar de cima do bus turístico ao cair do escuro e ficar a ver vida vivida para lá das janelas dos primeiros andares do Soho. são infinitas possibilidades que se criam... houve quem lhe diagnosticasse patologias, a apontasse como caso grave de médico, eu vejo nela um certo idealismo romântico, embora sem dúvida patológico e, quem sabe, crónico.

2 comentários:

Anónimo disse...

É... ela é assim! Só precisa de uma imagem, uma música, uma ideia para se pôr a imaginar. É crónico, mas não é grave. É sobretudo inofensivo! :)
Beijos,
R.

Anónimo disse...

Temos de entender que ela sente, sente, sente, sente, sente... ela sente tudo, é isso!
E já houve alguém parecido que me disse que é preferível sentir-se tudo... o bom, o mau e o que não interessa, do que não sentir nada (como alguns)!
É que, segundo o alguém parecido, aquilo que se sente quando o que se sente é bom, é de uma profundidade e intensidade incomparável e que compensa tudo o resto!
T.