a vida faz-se nas entrelinhas dos dias
marcados, à revelia de datas fixas. devíamos celebrar os dias anónimos. é
deles que surgem as paixões e são os únicos que não são cinzentos. é nesses
entretantos, cujas datas não se apontam, que muita gente chega e parte, que se
testemunha um abraço forte, é quando acontece um primeiro beijo.
devíamos pôr os nossos sentidos - os cinco - no dia dois, na quarta-feira, no meio-dia de Sábado e abraçar com toda a
confiança aquele momento despercebido em que nos pegam na mão e se oferecem
para nos conduzir. e devíamos ler nos olhos dos outros o que eles têm para nos
dizer sem querer saber o que lhes sai dos lábios, deixar que as palavras sejam
lançadas contra nós como canhões e se multipliquem nos sentidos que escolhermos
dar-lhes.
hoje é uma data dessas que estão marcadas no teu calendário e inevitavelmente confessas uma ligeira tristeza que chega com ela. deixo-te escolher. podemos festejar a data, ou podemos celebrar este dia como se fosse um dia anónimo porque haverá um jantar e estaremos juntos e porque a vida ergue-se nessas pequenas coisas.
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