10.08.2009

:: estejamos vivos, então!


(...)
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!

Pablo Neruda

7 comentários:

Goldfish disse...

Sábias palavras... aposto que não há quem as leia que não sinta que pelo menos um dos versos lhe foi dedicado.

jonah disse...

nem mais! :)

P. disse...

Adoro o Pablo! Adoro! Adoro! Que saudades do coração aos tropeços em vez do nó no cerebro, das indomáveis emoções... mas: há que virar a mesa quando se está infeliz!
Obrigada pelo poema e pelo que ele significa.

fd disse...

Estejamos.





e espero que não aproveitem o texto para a voz off de um anúncio de telemóveis ou cerveja

jonah disse...

Coragem para virar a mesa não te falta e o nó no cérebro faz parte da auto-descoberta que é (deve ser) uma constante da vida.

jonah disse...

tem todo o potencial para isso, fd! esperemos que não se lembrem ...

Anónimo disse...

Love it! MC