e os dias assim em branco?
é ficar a vê-los. lançam-se ainda mais devagar na noite, lamentosos e penosos, muito dobrados em si mesmos, amarfanhados numa bola tosca. já foram amachucados com o único propósito de ficarem eternamente esquecidos no lixo mas talvez não se percam para sempre. ainda podem ser descobertos (há sempre em tudo a possibilidade de uma descoberta) pelas mãos de alguém que se dê ao trabalho de os desenrolar e lhes esticar os vincos com destreza, para que, mais erectos, recuperem a dignidade de receber risos e outras coisas. cores. dores. beijos. chuva. sentido. ainda assim, para já, não passam de dias em branco. monocromáticos e muito muito aborrecidos.
2 comentários:
dido
Bonita, essa esperança de os dias penosos ainda virem a ser desembrulhados.
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