quando o ouviu dizer meu Deus, quero a curva do teu pescoço
ela pensou que há horas que são habitadas de uma perfeição tão grande que não podem voltar a repetir-se no tempo.
ele nunca dormia. e ela sabia que devia desconfiar quando ele não adormecia, mas escorraçava essa nuvem e fechava os olhos no seu peito, deixava que o cabelo lentamente se inundasse daquele cheiro perfeito que resultava da mistura do seu shampoo com o perfume dele. podia tomar mil banhos que o perfume não a largava nunca. e podia tomar mil banhos sem nunca estar limpa daquele desejo atordoado.
nunca vertera uma lágrima de todas as vezes que não a quiseram. e quando o momento chegasse ela não choraria de novo.
já sabia tudo isto de antemão. que ele não ficaria. que não se lembraria mais do seu nome, ou de como em tempos respirara pela sua boca. não choraria porque não há impulsos para lágrimas entre aqueles que reconhecem um fim em cada princípio.
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