2.01.2015

:: nota sobre uma manhã de chuva

nesta passagem pela época fria do ano tem dias em que devia ser lei enrolarmo-nos na madrugada dos lençóis a ouvir o barulho das coisas lá fora a começar. primeiro os pássaros no jardim [a descobreta que também há pássaros no Inverno], depois o chuveiro na casa do lado e finalmente os objetos que teimam em cair ao chão a horas desadequadas lá no 1º esquerdo. só depois os carros e a gente e a energia desadequada das vozes dos senhores da obra mesmo à frente da porta.

estes são os intervalos da vida de todos os dias. não trazem mais conhecimento ou especial lucidez, mas talvez sirvam para pôr o tempo em perspectiva. o tempo, essa ferida menor.

pedimos para que voltem as horas grandes e o clima ameno para que consigamos outra vez meter nos dias tudo aquilo que temos pendente. mas o tempo é preciso devagar, sem pressas. deixá-lo fazer o seu trabalho numa manhã de chuva é arte que esta geração não conhece.

depois queixam-se.

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